UM DIA DE CULTURA VIVA

Sem nos preocuparmos com disputas de políticas menores, e muito menos com indicações de nomes para exercerem o cargo de ministro, ao longo das últimas semanas nos movimentamos pelas vias digitais em busca do REEENCATAMENTO DO BRASIL, naturalmente fomos criando dinâmica própria, criando vínculos permeados de afeto e alteridade. Nesse meio tempo elaboramos carta-aberta à futura ministra da cultura manifestando o desejo de continuidade do Programa Cultura Viva e Pontos de Cultura.

Hoje o Presidente Lula confirmou oficialmente a pasta da cultura à Margareth Menezes, não bastasse o Congresso Nacional aprovou a Lei Paulo Gustavo, e mais, com prazo para os governos estaduais e municipais se organizarem para se adaptarem a receber os R$ 3,8 bilhões – recursos oriundos da Lei. São as relações institucionais civilizadas retornando ao convívio da sociedade, permitindo que todos os municípios brasileiros tenham acesso a recursos públicos, e assim, para publicarem editais destinados aos fazedores de cultura, desde o Brasil profundo aos centros U urbanos. Se juntam as 194 adesões parciais + 278 totalizando 472 adesões. Informando que o google forms continua aberto para novas adesões.

Essa experimentação nos grupos tem permitido o reencontro de Pontos de Cultura:  TV Cidade de Taubaté- Central de Mídia, Produção e Distribuição de Conteúdos , Movimento Dulcina Vive, Cia Bola de Meia,  Balcão Arthur Neto, Ao Som do Coco de Matriz Africana,  Associação Kilombo Tenondé, Preservando Raízes de Nova Iguaçu-RJ, Rede de Minas Gerais, Estado Gerais das Artes- RJ, Acomsol de Bocaíuva-MG , Pontos de Cultura de Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Ceará, Acre, Pará, Piauí, Amazonas, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, capital e interior e outros que não me recordo agora enquanto escrevo.

Nesta toada cabe nos apresentarmos. O INSTITUTO IDDEIA CULTURA E PESQUISA, também designado lab.iddeia.org é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e econômicos, com fins culturais, educacionais e sociais de âmbito nacional e internacional, também Ponto de Cultura. Tem por finalidade a valorização da cultura que se dá por meio de estudos, pesquisas, projetos, cursos, seminários, palestras, ações culturais e educacionais utilizadas como instrumento de inclusão social das sociedades, em quaisquer meios de comunicação.

Agora a iddeia é continuarmos adiante com parcerias Pontos de Cultura e Entidades de Ensino Superior – IES com o propósito de repassar conceitos e formação focados em gestão cultural e cidadania, competências criativas, assessoria técnica aos gestores públicos e privados de modo possibilitar a todos o acesso aos recursos públicos destinados à cultura. Vamos fazer a RODA girar. Na verdade, a roda já vem de muito antes. É consequência direta do desenvolvimento de aproximação entre Pontos de Cultura. “…um Ponto auxiliando outros Pontos, sem relação de hierarquia ou superioridade entre culturas. Um oferece experiência em gestão, cursos e seminários, o outro com experiência socioeducativa de vanguarda estética que se encontra com a tradição e ajudam a construir o novo. Uma troca entre iguais que aprendem entre si e se respeitam na diferença. ” *

* Célio Turino, Publicado no Programa Nacional de Arte, Educação, Cidadania e Economia Solidária, 3ª Edição – 2005

No ensejo aproveito também para agradecer o auxílio luxuoso de cada um que aderiu a iddeia de construirmos juntos um país melhor, sensível, alegre, justo e solidário, com esses votos estamos encaminhando nossa carta-aberta a Margareth Menezes, Ministra da Cultura. Em breve publicaremos nossa agenda de 2023. Já podemos antecipar algumas já confirmadas. Em meados de janeiro debateremos sobre a DECLARAÇÃO DE OFÍCIO DE PESCRIÇÃO. Instrumento legal que permite uma limpada geral na vida dos Pontos de Cultura e de proponentes de projetos via Lei Rouanet, além deste, como criar uma Entidade para se tornar Ponto de Cultura, desde ata de criação, elaboração de Estatuto Social, Registro, obtenção do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica –CNPJ, Obrigações Legais, entre outras. Serão atividades em formato de cursos de curta duração, on line + ao vivo. Concluindo, desejamos a todos uma feliz natal e boa passagem de ano.

Carta-aberta encaminhada a Exma. Margareth Menezes, Ministra da Cultura.

À

Futura Ministra da Cultura

Exma. Sra. Margareth Menezes

Nós, abaixo-assinados, saudamos a sua nomeação para estar à frente da reconstrução do Ministério da Cultura e nos colocamos entre os que desejam toda a sorte e sucesso na difícil, porém imprescindível, empreitada.

Pertencemos à uma espécie do coletivo informal que ou viveu intensamente a efervescência, pujança e potência do programa Cultura Viva ou, na condição de pensadores culturais, compreendemos a sua inesgotável capacidade de dialogar com a democratização das políticas culturais e seu papel fundamental na construção de um olhar menos técnico, tecnicista, burocrático, e mais generoso, poroso e afetuoso das diversas instâncias do Estado com a sociedade de maneira geral, a partir da compreensão antropológica de ser a Cultura a única atividade política capaz de ser transversal com todas as demais áreas das políticas públicas.

O Cultura Viva, a partir dos Pontos de Cultura, foi capaz de colocar o governo brasileiro em comunhão com o povo brasileiro de uma maneira que, talvez, encontre inspiração e similaridade – ressalvadas todos os contextos e particularidades – com o futebol.

Há hoje um relicário de afetos em ebulição cultural, muito em função de todas as ações, programas e projetos que o Cultura Viva fez chegar em lugares jamais imaginados do nosso país. A diversidade cultural brasileira, em nenhum outro momento, pode ser tão reconhecida, legitimada e fomentada pelo estado brasileiro como no período em que Pontos, Pontinhos, Pontões, Tuxáuas, Aretés, Griots, Interações Estéticas, Agentes Cultura Viva, etc tiveram possibilidade de transformar suas ações, no mais das vezes isoladas, em um exercício coletivo de atuação em rede, em teias que interligavam pessoas, territórios, aldeias, etnias, cidades, linguagens, ética e estética.

Coincidem, em certa ordem cronológica, o descaso com o Cultura Viva e o processo destrutivo da nossa Democracia. Decerto que uma coisa não está, em razões e graus de importância, ligada umbilicalmente à outra, mas é de toda ordem e necessidade traçar uma linha divisória entre o que foi e o que poderia/deveria ter sido feito com o nosso país.

Indubitável que a guerra cultural deflagrada foi determinante para colocar a sociedade brasileira e suas instituições em um estágio dolorido de fragilidade. Fazemos parte dos que acreditam que o passivo do Cultura Viva teria sido um forte aliado nesta guerra.

Assim como, para além do passivo que remete às memórias, inclusive as afetivas, há uma utopia clamando no horizonte. Cerzir nosso esgarçado tecido social e reconstruir as bases democráticas que nos fortaleçam enquanto povo e país passa, inevitavelmente, pelo nosso reencontro com o Ministério da Cultura.

Com que alívio, prazer e esperança nos dirigimos à Vossa Excelência, digníssima ministra!!!

Por favor, coloque um farol nos caminhos – passado e futuro – do Cultura Viva. Que este farol possa iluminar a consciência de que não podemos seguir perdendo riquezas, sejam elas tangíveis ou intangíveis, materializáveis ou simbólicas. 

O programa Cultura Viva já possui, inclusive, arcabouço legal, transformado na lei 13.018/2014. Ou seja, não é só mais uma lei. Trata-se da Política Nacional de Cultura Viva.

Fazemos aqui, ministra, não o papel de lobistas, mas o de operários culturais conscientes da importância de um programa, de uma lei, de uma política nacional justa, humana, eficiente, eficaz, democrática. 

A Cultura Viva, certamente, haverá de ser uma fiel e forte companheira de sua difícil jornada: a de estar à frente daquele ministério que, talvez, seja o mais urgente e necessário para o país: o Ministério da Cultura.

Cordial e afetuosamente.