PROCURANDO O FARAÓ
João Pontes, escreveu um longo artigo de opinião tratando o desafio do novo Ministério da Cultura e da Ministra Margareth Menezes da necessidade de envolver o conjunto das políticas públicas, das instituições democráticas e das forças sociais do país. Um texto longo….primoroso do ponto de vista acadêmico, diria até refinado intelectualmente falando. Como não sou acadêmico não tenho fundamentações para discorrer ou até mesmo para escrever um contraponto, Mas também não sou apenas um cidadão latino-americano sem dinheiro no bolso. Tenho aptidões necessárias para ler, interpretar e discernir quando o texto se revela um copo cheio de vazio, quase um retórica do zero, principalmente quando dirigido aos mesmos que pertencem ao clube – não ao clube da esquina – mas ao clube de caça a cargos na administração pública.
Já no inicio do artigo escreve o sociólogo: “Há de se combater a cultura fascista, antidemocrática, de desprezo às instituições, à ciência, aos direitos humanos, à diversidade e às artes, que sobrevive no corpo do país. Cultura esta que ameaça os valores civilizatórios mais básicos. O terceiro Governo Lula tem o desafio de construir uma política cultural que promova valores democráticos. Desafio que é do novo Ministério da Cultura e da Ministra Margareth Menezes, mas não só: precisa envolver o conjunto das políticas públicas, das instituições democráticas e das forças sociais do país. O paradigma de políticas culturais iniciado com Gilberto Gil e Juca Ferreira (e, hoje, hegemônico no país) é uma resposta importante aos regimes totalitários, em que o Estado é usado como instrumento para imposição de um modelo estético, ético e moral, que invisibiliza, persegue e violenta tudo aquilo que não se encaixa neste modelo (ilusório, diga-se passagem, dado que identidade absoluta é um mito a-histórico). Da mesma forma, trata-se de uma resposta ao populismo colonialista, ancorado na suposta tese de que o aparelho estatal teria como missão “levar cultura” para quem “não tem” (ou seja, a reprodução da hierarquia de capitais culturais que estrutura a sociedade global e é atravessado por outros capitais, especialmente o econômico e o social). Os desafios para reconstrução democrática são inúmeros. Não somente o restabelecimento da institucionalidade do Estado e das políticas públicas, um dos principais desafios do terceiro governo Lula é a construção de uma estratégia de intervenção simbólica, de promoção de valores democráticos. Não para um projeto político partidário, para afirmação de um determinado regime de Estado e modelo econômico. Mas, sim, para promoção dos valores básicos de uma cultura democrática, cidadã, de diversidade, de valorização da ciência, da ação coletiva e da não-violência.
Tá faltando falar com os fazedores da cultura. Eles são os protagonistas. Gilberto Gil na Teia em Belo Horizonte.
Tarefa esta que compete ao novo Ministério da Cultura e à Ministra Margareth Menezes, mas a todo o conjunto de estruturas governamentais e políticas públicas, sob coordenação do Presidente: o Ministério da Justiça precisa combater a cultura armamentista, promovendo uma cultura de paz; o Ministério da Saúde precisa combater a cultura negacionista, promovendo uma cultura de valorização da ciência; o Ministério da Educação precisa combater a cultura autoritária e promover uma cultura de diversidade; e por aí vai. Por isso, é necessário construir um governo que compreenda a importância política central da cultura e, assim, não a trate como algo setorizado, menor, mas que coloque a dimensão simbólica da vida social como prioridade nas estratégias emancipatórias fundamentais. É preciso pensar a cultura como central na reconstrução da democracia. Precisamos de uma estratégia de transformação cultural para o país, a ser defendido e levado à prática pelo Presidente Lula, pela Ministra Margareth Menezes e todo o governo, assim como pelo conjunto dos setores democráticos e progressistas. A cultura deverá ocupar um papel central na mobilização de novos imaginários e na afirmação de uma nova consciência coletiva, para construção de espaços comuns de convivência e na qualificação das relações sociais. A transversalidade da dimensão cultural não pode ser apenas entre setores institucionais: tem que partir do reconhecimento da importância estratégica dimensão simbólica em toda a sociedade. Precisamos retomar um processo de reconstrução e valorização da identidade nacional, de nossos valores éticos e estéticos mais profundos, de nossa ancestralidade, de nossas raízes históricas e de nossas memórias, que são múltiplas e singulares. Para voltarmos a ter orgulho da brasilidade, que nos projeta no mundo como nação potente e que tem muito a contribuir na superação dos grandes desafios globais. Nossa diversidade cultural e nossa biodiversidade são as nossas maiores riquezas e, como tais, devem estar no centro de nosso projeto de nação. Radicalizar a democracia, descolonizar e despatriarcalizar a vida, promover a justiça social e a igualdade de direitos e oportunidades, e assumir nossa diversidade como um patrimônio são alguns dos grandes desafios para um projeto de desenvolvimento soberano e sustentável. Por outro lado, o paradigma contrapõe-se ao modelo neoliberal, ao afirmar que o Estado tem obrigação de promover o melhor ambiente possível para a experiência cultural, inclusive combatendo desigualdades e salvaguardando manifestações culturais das ameaças impostas pela lógica do capital, da colonização e do imperialismo cultural. Ou seja, a experiência brasileira representa uma síntese histórica entre os modelos liberais e os modelos totalitários: o reconhecimento dos direitos culturais e do papel do Estado, com garantia da autonomia e da diversidade. Síntese esta que faz do Brasil referência internacional, como pensamento, consolidado no Plano Nacional de Cultura. Como política pública de novo tipo, o programa Cultura Viva (representado pelos Pontos de Cultura) é uma das principais expressões da ruptura paradigmática e institucional no campo das políticas culturais, marcando profundamente a história cultural, política, econômica e social do país.
Caravana a procura do Faraó – Caravançará
O papel do novo Ministério da Cultura que não reconhece a Cultura Viva!?
Quanto ao novo Ministério da Cultura, não se deve cogitar qualquer retrocesso das bases paradigmáticas e pelo importante legado de políticas culturais republicanas. Pelo contrário: é necessário o reforço da missão do Estado em garantir as condições de criação e produção cultural da própria sociedade no país. Mas, além da ampliação orçamentária para investimento em políticas culturais e editais públicos, é importante que o novo MinC venha a ter um papel mais ativo na disputa simbólica. Os novos tempos exigem a criatividade e a ousadia que Gilberto Gil e Juca Ferreira tiveram na formulação de toda uma estrutura conceitual, programática e institucional no Ministério da Cultura a partir de 2003. Um dos desafios colocados à gestão da Ministra Margareth Menezes é a criação de uma ação estatal com capacidade de disputa simbólica – não comandada pela sua burocracia, mas de reinvenção do próprio Estado. De um Estado poroso, aberto, ventilado, atravessado pela sociedade. É necessário radicalizar as esferas de participação. Promover a mobilização não só de agentes e organizações sociais que tradicionalmente atuam em esferas institucionalizadas. É necessária a elaboração de estratégias de participação digital, informal, sobre temas importantes da cultura brasileira, buscando mobilizar amplos setores da sociedade (para além do campo cultural organizado).”
Sendo chamado a mobilização , considerando participar de um dos setores da sociedade na área da cultura, como Secretário-Geral do Instituto Iddeia Cultura e Pesquisa – Ponto de Cultura, me meto abestado e digo: o discurso está dissociado da práxis, o reconhecimento aos que antecederam e fizeram verdadeiramente a Cultura Viva seria um bom começo…até agora só texto primoroso de gabinete, longe, muito longe, distante anos luz do que praticavam Gil, Juca, Celio Turino, TT Catalão, Sergio Mamberti…todos até então ignorados por estes que continuam disputando cargos e transformando o recém criado MinC num Estado Burocrático distante da da essencia do Cultura Viva.
Até agora somente a elegia as belas artes, intelectos , textos primorosos do ponto de vista acadêmico, mas distanciado da alegria, do afeto, solidariedade. A Cultura não está viva ainda. Falta o alimento da alegria, do encantamento, do reconhecimento dos que antecederam esse grupo ao redor da ministra. Falta empatia, queremos ver os fazedores de cultura em caravanas com seus estandartes ao ar, por que reconhecidos tornam a vida um grande salão de baile onde todos juntos celebram a vida.
Porque recusar sistematicamente o valor e legado de Gilberto Gil, Juca Ferreira, Celio Turino, Sergio Mamberti, TT Catalão, Jorge Mautner, Bené Fonteles! Não queremos só o Faraó….desejamos o verdadeiro das coisas…vão passando os dias e cada vez mais claro o distanciamento do MinC com o seu povo…os fazedores de cultura…vai se cristalizando . Apenas textos primorosos do ponto de vista acadêmico, excelentes do ponto de vista burocrático…todos cortejando a ministra Faraó! ! Cada qual reservando sua mesa e cadeira nos espaço dos gabinetes. ANOS LUZ DISTANTE DO CULTURA VIVA….Porque insistem em continuarem com esse boicote horroroso, reconhecendo de fato a essência do Cultura Viva!? O Lula já despachou com mais de 15 chefes de Estado, o Haddad já vai apresentar o arcabouço fiscal, o salario mínimo já vai ser ampliado, os bolsistas pesquisadores terão aumento, o fundo da Amazônia voltou, Minha Casa Minha Vida entregando chaves aos seus novos moradores, enquanto isso no MinC? Criado hoje GT para regularizar a LPG – um exercito de cargos e DAS’s alimentando a fogueira de vaidades do Rio Grande do Sul, ao Rio Grande do Norte. Todos cortejando a Ministra que segue buscando encontrar o Faraó…Vai altas horas e esse Faraó não aparece, e nem vai aparecer. O Brasil profundo assisti programas até altas horas, mas na realidade voltaram a ser invisíveis. Um passivo cultural enorme. Pontos de Cultura inadimplentes perante o Estado porque não tiveram suas prestações de contas verificadas pela burocracia. Juridicamente já caducadas, pois já se passaram mais de dez anos. Nenhum encaminhamento oficial sobre esta questão. Chamem os criadores do Cultura Viva, ouçam a sabedoria dos anciãos da Nação. Sejam generosos com a população cultural. Continuem do onde paramos. Tem Gilberto Gil, Tem Juca Ferreira, Tem Célio Turino, já não temos mais perto Sérgio Mamberti, TT Catalão e outros que nos deixaram e seguem no universo espiritual, encerrando, temos uma dezena de pessoas que nos deixaram legados riquíssimos! Pelo Amor do Deus Mu-dança.
Aos que desejarem ler a íntegra do texto do João Pontes, segue link abaixo
https://revistaforum.com.br/debates/2023/1/24/uma-politica-cultural-que-combata-fascismo-fortalea-valores-democraticos-no-brasil-por-joo-pontes-130515.html
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