O VERSO ENCANTADO DA CULTURA VIVA

O VERSO ENCANTADO DA CULTURA VIVA

No ultimo post comentei sobre a carta-aberta de apoio a nova ministra da Cultura.

Ao final incluí relatos enviados por meio do formulário de adesão a iniciativa.

Vários ponteiros e ponteiras, escritores, poetas, músicos, teólogos, sacerdotes, gestores de entidades e coletivos, artistas populares, pretos, brancos, índios, quilombolas, gente de todas as raças e gêneros, de todas as regiões do país aderiram a iniciativa e nos enviaram histórias de Cultura Viva, um fiel retrato da diversidade presente em todos os grupos.

Esse relacionamento via wataspp tem sido uma experiência rica, interessante sob vários aspectos, um deles tem sido a descoberta ou melhor a experimentação do convívio digital e nessa babel polifônica o surgimento de vínculos afetivos e fraternos pelas vias digitais. A grande maioria das mensagens são para expor, anunciar, informar, compartilhar as atividades e ações culturais que se realizam pelas entidades, mas também é possível identificar escrevivências presentes nas poesias, nas manifestações, críticas , sugestões e declarações permeadas de afeto sobretudo alteridade.

Essa experimentação reencontra Pontos de Cultura:  TV Cidade de Taubaté,  Movimento Dulcina Vive,  Instituto Iddeia Cultura e Pesquisa ,Cia Bola de Meia,  Balcão Arthur Neto , Ao Som do Coco de Matriz Africana,  Associação Kilombo Tenondé, Preservando Raízes de Nova Iguaçu-RJ, Rede de Minas Gerais, Estado Gerais das Artes- RJ, Acomsol de Bocaíuva-MG , Pontos de Cultura de Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Goiás, Ceará, Acre, Pará, Piauí, Amazonas, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, capital e interior, que ao longo dessas últimas quatro semanas foram se juntando ao redor da iniciativa e aderindo o Reencantamento do Pontos de Cultura. Uma dessas manifestações a memória afetiva da Laura Esteves levou a publicar no grupo vídeo onde Fernanda Montenegro fala de maneira poética sobre a passagem do tempo que me instigou a convidá-la a criar a sua mensagem para o grupo.

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_de_janeiro/laura_esteves.html 

Eis a resposta de Laura: Meus queridos e minhas queridas, estou me recuperando de operação no fêmur. No hospital peguei Covid e fiquei com sequelas. Muitos médicos: fisioterapeuta, fonoaudióloga, neurocirurgião, cardiologista. Consigo fazer algumas poucas lives, escrever poesia e prefácios de livros. Gostaria de participar mais desse grupo mais ativamente, mas fico cansada. Ninguém tem 84 anos e está se reabilitando de uma operação, impunemente.

Pertenço a inúmeros grupos ligados à Cultura e à Política.

Sempre lutei, desde os anos 60, pela Democracia. Sempre trabalhei com Educação e Cultura em favelas, subúrbios, zona rural, Baixada Fluminense. No Projeto Baixada, tive a honra de receber Paulo Freire (emocionante!) e receber prêmio da Unesco. Menina pobre, fui salva pela Educação e Cultura, pelos livros. Por isso, acho a existência desse grupo fundamental. Parabéns a todos que lutam por um Brasil mais justo! Não podemos perder a esperança. A esperança é revolucionária!

Em tempo, nos últimos 25 anos, faço parte da coordenação do Grupo Poesia Simplesmente, que realiza um trabalho no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana. No momento, estou preparando o Projeto para a Funarj, para o próximo ano.

Pretendo participar mais desse grupo. Parabéns, encantadores culturais!

 

Quem é Laura Esteves?

Laura Esteves nasceu e vive no Rio de Janeiro. Pertence ao grupo “Poesia Simplesmente”, que realiza o ” Festival Carioca de Poesia” e o evento “Terça conVerso no café”, no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana. Seu primeiro livro de poemas, “Transgressão”, foi editado pela Sette Letras, em 97. O segundo, um romance memorialista lançado em dezembro de 98, “O sabor, o saber e o sonho: a fome secular dos Oliveira”, conta a saga de uma família, desde a seca de 1877 até os dias de hoje. “Como água que brota na fonte, poesia”, (Editora Barcarola, outubro de 2000) foi seu terceiro livro individual. Em 2005, publicou um livro de contos: “A mulher, a pedra” (Editora Ibis Libris). Em 2006, lançou “Rastros – poemas escolhidos” (Edições Sindicato dos Escritores).

Laura colabora com o Jornal “Rio Letras”, é curadora do Fórum Poesia
(UFRJ ) há três anos e foi uma das premiadas do “Concurso Contos do Rio” (2004), do jornal “O Globo”.

O poema que se segue, da autoria de Laura Esteves, faz parte do espetáculo teatral “De Cabral a D. João, passando por Napoleão” (Grupo Poesia Simplesmente).

A nave vai

Outros lugares me chamam.
Eu sou um navegador.
Porém não parto sozinho,
ireis pra sempre comigo, s
e me desta terra eu for.

Deixo o trigo ainda espiga,
busco o sol, busco o calor.
Navego o barco da vida,
mas não viajo sozinho:
eu vos levarei amor

Se me desta terra eu for, /Eu vos levarei amor.”

                                                         (Camões)

 

 

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